[Jornada] A eterna busca pela verdade

Aquele era um bonito dia de primavera, o sol brilhava por entre as nuvens de chuva da noite anterior, que havia deixado um aspecto orvalhado na grama do quintal. Eu conferia, uma vez mais, os itens em minha mochila. Havia tirado Fen de sua pequena esfera vermelha, ela corria de um lado para o outro pela casa, as vezes subia em cima da mesa de trabalho do meu pai, mas ele não parecia se importar muito com aquilo.

– Fen, venha aqui, nós já vamos embora. – Eu estava pronta para minha aventura, enfim era o momento de partir e me despedir do meu pai, aguardava a pokémon já na porta de casa, acariciando a cabeça do Percian que a tudo observava com vagarosa atenção. – Tem de ter paciência com ela, papai disse que você também não era fácil quando novinho.

O pokémon apenas emitiu um miado fazendo-se de irritado, lambeu suavemente minha mão e lançou um bocejo entediado para a fennekin quando esta se aproximou. Enquanto eu amarrava melhor o cadarço do tênis que vez ou outra teimava em desamarrar, meu pai vinha da cozinha com as últimas recomendações.

– Ligue sempre que possível, caso eu não esteja em casa, você sabe o número do laboratório. – Ele dizia enquanto guardava em minha mochila uma bolsa com frutas e água. – Devemos sair em pesquisa dentro de uma semana ou duas, nos encostraremos em alguns meses em Santalune. Apesar de saber que não desafiaria lideres de ginásio, meu pai havia aconselhado passar por lá, afinal os líderes conheciam bem os pokémons de seu tipo preferido e poderiam dar boas dicas de criação.

– E se não estiver em Santalune, eu posso deixar o Persian comer o seu melhor sapato. – Eu dizia com graça, recebendo um olha atravessado do felino e outro preocupado do meu pai. Persian não gostava de comer sapatos, mas costumava escondê-los em lugares pouco usuais.

Com um breve abraço nós enfim deixamos a casa de dois pavimentos, uma pequena trilha nos levava para fora da cidade, e nossa primeira aventura não demorou muito a nos encontrar. Era primavera e assim como as aves que antes fugiam do inverno, agora retornavam para seus ninhos, pokémons inseto também surgiam com facilidade.

Dentre eles um pequeno Scatterbug, que se remexia em um arbusto, comendo o que para si parecia ser uma deliciosa salada tropical.

– Olá! – Aquele não era o melhor modo de me aproximar de um pokémon selvagem, defini quando o pokémon inseto lançou uma teia em direção ao meu rosto, errando por pouco a minha cara, porém acertando em cheio meu cabelo. – Ei, não faça isso.

Nada de papo para o Scatterbug, que continuava a lançar teias enraivecido, atingindo a Fen dando início a nossa primeira batalha, quando a pokémon de fogo decidiu pular no meio do arbusto e correr atrás do inseto.



– Fen deixe de brincar, se você quer uma batalha comece a lutar a sério – Instruía a pokémon raposa enquanto via o pequeno inseto começar a subir uma árvore, mantendo-se assim longe da pokémon de fogo – Certo Fen, vamos aproveitar que ele está de costas, use o scratch para tirá-lo da árvore com as suas garras.

Eu já havia visto persian fazer aquilo as vezes, brincava com alguns pokémons no quintal quando estava entendiado. Porém aquilo era uma batalha e eu não sabia como Fen concluiria aquilo.

A Fennekin parou de perseguir o pokémon quando ouviu o comando, analisando a situação a pokémon saltou para cima da árvore acompanhando o movimento do inseto, usando as garras para se manter firme enquanto empurrava o inseto para fora da casca causando-lhe um pouco de dano. Porém Scatterbug não parecia querer deixar aquilo barato, lançando um novo String Shot contra o pokémon raposa, prendendo-o contra a árvore com maestria.

– Essa não – Eu observa a situação dividida entre a surpresa e a irritação, irritada com o inseto que prendera Fen na árvore com as teias, e surpresa com o pequeno pokémon que parecia experiente com batalhas – Fen use o ember contra essas teias e saia dai, depois use o ember novamente contra o scatterbug.

Eu esperava que ataques de fogo, sendo superefetivos contra os de inseto resolvessem o problema, a teia parecia grudenta e o calor das chamas poderiam ser o suficiente para sair daquela pequena armadilha.

Porém eu não esperava que o pokémon inseto fosse tão esperto e valente, enquanto Fen retraia suas garras e lançava as pequenas chamas contra as teias, posicionou-se logo abaixo da pokémon raposa, o que me deixou curiosa, por alguns breves momentos. Ela não sabia que assim ficaria mais fácil? Eu só não contava que o pequeno inseto se aproveitasse da falta de experiência de minha parceira e do meu próprio para usar um bug bite certeiro e prender-se em sua cauda. A pokémon raposa logo começou a correr de um lado para o outro com o pequeno inseto preso a sua cauda felpuda e macia.

– Fen, fique calma e o use o fato de que ela está lhe mordendo a seu favor. – Certo eu havia visto persian fazer aquilo uma vez, porém entre persian e Fen havia uma grande diferença de maturidade e poder. – Use o ember diretamente do scatterbug e depois finalize prendendo-o com o fire spin.

Como eu esperava demorou algum tempo até que Fen se preparasse psicologicamente para executar aquele comando, ainda com pequenas lágrimas começando a brotar em seus olhos, a pokémon pareceu se encher de raiva e lançar as chamas contra o pokémon inseto que fora pego em cheio e soltou-se de sua cauda caindo no chão. Ainda irritada a pokémon raposa foi rápida ao executar o movimento que criou um aro de fogo ao redor do inseto, que logo viera a desmaiar, em minha breve observação, mais pelo medo do fogo que a cercava que por qualquer outra coisa.

Tirei uma pokébola livre da bolsa lançando-a contra o Scatterbug desacordado, Fen veio se recolher entre minhas pernas, parecendo um pouco assustada e embaraçada por ter sido pega daquela forma pelo pequeno inseto, eu esperava a conclusão da captura enquanto o anel de fogo finalmente se findava deixando apenas uma mancha escura marcando o lugar onde uma vez estivera ativo.